“Sabe aquela sensação de que se você
não mudar sua vida urgentemente, você explode?”. É assim que a
personagem de Erika Mader define seu momento em “Apenas o Fim”,
filme do jovem diretor brasileiro Matheus Souza, lançado em 2009.
Uma corrida contra o tempo e a favor das emoções acontece em uma
tarde no Campus da PUC do Rio de Janeiro, quando Antônio (Gregório
Duvivier) descobre que sua namorada (Erika Mader) está indo embora e
ambos têm apenas uma hora para se despedir e discutir o
relacionamento de anos. O adeus é inevitável. A tristeza, as
cobranças, os chororôs e a nostalgia também.
Parece banal, e é. Mas é justamente isso
que torna “Apenas o fim” algo mais que uma simples
comédia-romântica. Diante de uma situação tão usual como o
término de um namoro, Matheus Souza consegue entrar na memória de
qualquer telespectador e reviver momentos e emoções adormecidos,
mostrando que não estamos diante de mais uma dessas realidades
inalcançáveis comuns a esse gênero. Através de sacadas tão
jovens e, ao mesmo tempo, tão simples - como a locação escolhida,
a grande variedade de movimentos da câmera, cores vibrantes,
diálogos e flashbacks constantes - passamos pela 1h e meia de
duração sem nem ao menos perceber. Vivemos a vida dos personagens,
nos identificamos com suas histórias e entramos em um paralelo
angustiante: essa relação vai mesmo acabar? Será um fim tão
triste e nostálgico quanto tudo indica? É essa mesmo a decisão
dela?
Reparem que o nome “dela” não é
citado em nenhum momento. E não é mesmo, nem aqui e nem no filme.
Talvez por mais uma grande sacada do autor de tornar o enredo
impessoal e à disposição de quem quer que se sinta familiarizado a
ponto de chamá-lo de seu, ou talvez seja apenas uma escolha (ou
“não-escolha”) lógica: todo o filme gira em torno do diálogo
desses dois personagens apenas, exceto por breves participações de
outros pouquíssimos atores como Nathalia Dill e Álamo Facó. Seja
como for, pelo menos a lógica de um diálogo contínuo de mais de 1h
de duração ser monótono não é concretizada. Através da
incorporação de assuntos conhecidos e simples – pelo menos para
os nascidos por volta dos anos 90 e 2000 -, como boy bands, atores de
cinema e jogos de vídeo game, e uma linguagem informal e quase
sempre muito bem humorada, entramos no raciocínio e parece que
estamos fazendo parte da conversa. Queremos opinar e argumentar
contra ou a favor das escolhas debatidas pelos personagens, que
passam às cenas uma veracidade incrível.
Ganhador de prêmios como de Melhor Filme do Júri Popular e Menção Honrosa do Júri Oficial no Festival do Rio 2008, Prêmio de Melhor Filme do Júri Popular na 32 Mostra de São Paulo, e selecionado para diversos festivais internacionais, como Rotterdam, Miami e outros, "Apenas o Fim" é o retrato perfeito de uma nova fase do cinema brasileiro. Fruto de um projeto dos alunos da PUC, dirigido por um jovem diretor, de baixo orçamento e indicado internacionalmente, o filme é um exemplo de como o cinema brasileiro pode chegar mais longe e de como a juventude do país merece mais créditos nessa área.
Ganhador de prêmios como de Melhor Filme do Júri Popular e Menção Honrosa do Júri Oficial no Festival do Rio 2008, Prêmio de Melhor Filme do Júri Popular na 32 Mostra de São Paulo, e selecionado para diversos festivais internacionais, como Rotterdam, Miami e outros, "Apenas o Fim" é o retrato perfeito de uma nova fase do cinema brasileiro. Fruto de um projeto dos alunos da PUC, dirigido por um jovem diretor, de baixo orçamento e indicado internacionalmente, o filme é um exemplo de como o cinema brasileiro pode chegar mais longe e de como a juventude do país merece mais créditos nessa área.