quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Para assistir: Apenas o Fim

Ressuscitando o blog... No semestre passado assisti, na faculdade, um filme que tinha tudo pra ser mais um daqueles filmes "históricos" que uma professora de cinema passaria, mas não foi. O filme conseguiu atrair minha atenção do início ao fim e, nessa semana, me rendeu um prêmio no SET Universitário com a resenha que fiz sobre ele (don't ask me how). Por isso, decidi postar a resenha aqui ao invés de escrever outro texto sobre o mesmo filme, afinal ali já estão todas as minhas opiniões sobre ele. Fica, então, a indicação :)



“Sabe aquela sensação de que se você não mudar sua vida urgentemente, você explode?”. É assim que a personagem de Erika Mader define seu momento em “Apenas o Fim”, filme do jovem diretor brasileiro Matheus Souza, lançado em 2009. Uma corrida contra o tempo e a favor das emoções acontece em uma tarde no Campus da PUC do Rio de Janeiro, quando Antônio (Gregório Duvivier) descobre que sua namorada (Erika Mader) está indo embora e ambos têm apenas uma hora para se despedir e discutir o relacionamento de anos. O adeus é inevitável. A tristeza, as cobranças, os chororôs e a nostalgia também.
Parece banal, e é. Mas é justamente isso que torna “Apenas o fim” algo mais que uma simples comédia-romântica. Diante de uma situação tão usual como o término de um namoro, Matheus Souza consegue entrar na memória de qualquer telespectador e reviver momentos e emoções adormecidos, mostrando que não estamos diante de mais uma dessas realidades inalcançáveis comuns a esse gênero. Através de sacadas tão jovens e, ao mesmo tempo, tão simples - como a locação escolhida, a grande variedade de movimentos da câmera, cores vibrantes, diálogos e flashbacks constantes - passamos pela 1h e meia de duração sem nem ao menos perceber. Vivemos a vida dos personagens, nos identificamos com suas histórias e entramos em um paralelo angustiante: essa relação vai mesmo acabar? Será um fim tão triste e nostálgico quanto tudo indica? É essa mesmo a decisão dela?
Reparem que o nome “dela” não é citado em nenhum momento. E não é mesmo, nem aqui e nem no filme. Talvez por mais uma grande sacada do autor de tornar o enredo impessoal e à disposição de quem quer que se sinta familiarizado a ponto de chamá-lo de seu, ou talvez seja apenas uma escolha (ou “não-escolha”) lógica: todo o filme gira em torno do diálogo desses dois personagens apenas, exceto por breves participações de outros pouquíssimos atores como Nathalia Dill e Álamo Facó. Seja como for, pelo menos a lógica de um diálogo contínuo de mais de 1h de duração ser monótono não é concretizada. Através da incorporação de assuntos conhecidos e simples – pelo menos para os nascidos por volta dos anos 90 e 2000 -, como boy bands, atores de cinema e jogos de vídeo game, e uma linguagem informal e quase sempre muito bem humorada, entramos no raciocínio e parece que estamos fazendo parte da conversa. Queremos opinar e argumentar contra ou a favor das escolhas debatidas pelos personagens, que passam às cenas uma veracidade incrível.

Ganhador de prêmios como de Melhor Filme do Júri Popular e Menção Honrosa do Júri Oficial no Festival do Rio 2008, Prêmio de Melhor Filme do Júri Popular na 32 Mostra de São Paulo, e selecionado para diversos festivais internacionais, como Rotterdam, Miami e outros, "Apenas o Fim" é o retrato perfeito de uma nova fase do cinema brasileiro. Fruto de um projeto dos alunos da PUC, dirigido por um jovem diretor, de baixo orçamento e indicado internacionalmente, o filme é um exemplo de como o cinema brasileiro pode chegar mais longe e de como a juventude do país merece mais créditos nessa área.

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